Evento moderado por Catarina Neves decorreu na StartUp Barreiro
Medidas protetoras de crianças e jovens apresentadas como ‘travão’ às Desigualdades Sociais
Uma manhã interessante e de procura de soluções foi concretizada a 12 de abril, na StartUp Barreiro, com base numa conversa sobre Desigualdades Sociais organizada pela Associação NÓS e moderada pela jornalista Catarina Neves. Cinco convidados foram reunidos num painel que colocou como prioritário em Portugal e no concelho do Barreiro o investimento em medidas de proteção das crianças e jovens e suas famílias, sobretudo nas áreas da saúde, da educação e da habitação.
Tendo o 25 de Abril de 1974 como pano de fundo, o evento ‘Desigualdades Sociais. Passado, Presente e Futuro.’ permitiu recordar algumas medidas promotoras do combate às desigualdades sociais, desde o saneamento básico, o acesso a cuidados de saúde e ao ensino para todos e o próprio Rendimento Social de Inserção. Conquistas sempre assentes em investimentos que passam não só por medidas do governo, mas também pela motivação do papel de cada cidadão na luta pelos seus direitos e pelos direitos dos outros, conforme frisou Maria Dulce Marques, membro do Núcleo Distrital de Setúbal da EAPN Portugal / Rede Europeia Anti Pobreza.
Esta ideia levou, aliás, o Cardeal D. Américo Aguiar, Bispo de Setúbal, a colocar o conceito de Fraternidade em cima da mesa, frisando que, 50 anos após o 25 de Abril de 1974, se torna essencial olhar sobretudo para este conceito em prol da equidade que tanto impera no mundo atual, com desafios levantados tanto a nível nacional como a nível concelhio no Barreiro. Desafios esses que se mantêm ao nível do acesso à alimentação, assim como a cuidados nas áreas da saúde, da educação, do emprego e da habitação, sendo prioritárias medidas urgentes face à sobrelotação em escolas e sobretudo em alojamentos, conforme admitido por Sara Ferreira, vereadora da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), responsável pelas Divisões de: Educação; Intervenção Social, Igualdade e Saúde; Cultura e Juventude; Habitação.
Fixação de jovens qualificados e abertura de salas em 1º ciclo são urgentes
Fixar os jovens mais qualificados em Portugal, não só portugueses mas também migrantes, foi apontado pelos convidados presentes como uma medida necessária junto de uma camada que não se pode «perder». Já olhando para a Área Metropolitana de Lisboa e para o próprio concelho do Barreiro, no que toca a crianças, os principais desafios já no próximo ano letivo colocam-se ao nível da sobrelotação de escolas.
“Será necessário abrir 10 salas de 1º ciclo para colocar 350 novas crianças”, apontou Sara Ferreira face a uma chegada contínua de famílias migrantes que se confrontou com medidas no terreno referentes a uma previsão demográfica decrescente.
Num concelho desde sempre receptor de migrantes, incluindo do próprio país, o Barreiro vê-se hoje de portas abertas a migrantes de outros países, sendo a comunidade migrante em maior número atualmente oriunda do Brasil. Para o acolhimento de todos os migrantes, também outros acessos básicos como ao nível da habitação foram evidenciados, na medida em que a sobrelotação de casas leva também a consequentes problemas no seio interno das famílias, tais como violência doméstica e outras situações sociais com resultante necessidade de apoio por partes das instituições, nomeadamente na gestão familiar.
Investimento em Cuidados de Saúde e Promoção da Língua Portuguesa é crítico
A pensar no acesso ao emprego ficou assente a necessidade de investir, primeiramente, na prevenção e na promoção de cuidados de saúde (tão essenciais como a saúde oral), com e para a comunidade, como sublinhado por Patrícia Martins, membro da Direção da Associação Portuguesa para a Promoção da Saúde Pública (APPSP) e enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária da Unidade de Saúde Pública Arnaldo Sampaio (USPAS). A aposta deverá assentar também na promoção do ensino da língua portuguesa para facilitar acessos a diferentes serviços, sempre respeitando identidades culturais, tendo as IPSS, de igual modo, um papel relevante em conhecer melhor a população para potenciar redes de apoio.
Numa avaliação de 50 anos, os presentes consensualizaram discursos que apontaram para a importância do foco do país ser um investimento não só nos idosos mas, atualmente, sobretudo nas crianças, jovens e suas famílias, como defendido por Paulo Pedroso, sociólogo e ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade. Medidas que deverão mover entidades e cidadãos numa ação sempre conjunta no combate à pobreza, enquanto luta pela dignidade da pessoa humana, independentemente da sua origem, da sua cor ou do seu credo.
As IPSSs voltaram, por isso, a ser indicadas com tendo um papel fundamental no apoio a concretizar a todas as pessoas, enquanto braço direito do Estado. Face a tal ideia, certo será que não poderão faltar também recursos ao setor social para que assim o faça, enquanto apoio direto à população ou na medida da delegação de competências que vão sendo passadas para as autarquias.