Terceira ‘Conversa com Impacto’ da NÓS destaca desafio lançado à CNIS
“PRECISAMOS DOS MELHORES E NÃO DE PAGAR ORDENADOS MISERÁVEIS”
Foi à procura da coesão entre organizações que decorreu a terceira ‘Conversa com Impacto’ da Associação NÓS, no dia 23 de junho, na StartUp Barreiro. Uma Conversa moderada pelo jornalista Joaquim Franco sobre ‘Crise Económica e Social: o Papel das Instituições e seus Desafios’, que lançou a urgência do diálogo entre entidades diferentes entre si no setor social com vista à revisão do Estatuto das IPSSs (instituições particulares de solidariedade social), colocando prioridade na valorização dos seus profissionais, na importância do voluntariado e na necessidade de sustentabilidade.
Foi com consciência da importância das instituições e dos desafios que se lhes colocam na sociedade que a CNIS – Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, na figura de João Bernardino, iniciou a terceira ‘Conversa com Impacto’ da NÓS destacando as instituições como “organizações parceiras do Estado em prol da inclusão”. “Nós não recebemos subsídios, mas sim o devido pagamento de serviços que prestamos em nome do Estado”, focou o representante desta Confederação na iniciativa organizada pela NÓS – Associação de Pais e Técnicos para a Integração do Deficiente.
A afirmação, reforçada por todos os presentes, levou Joaquim Pequicho, em nome da Confecoop – Confederação Cooperativa Portuguesa, a destacar a importância de “ir além das diferenças entre organizações dentro do setor social”, face ao papel relevante que todas assumem, e “promover a cooperação e coesão social”. “Existe a necessidade de diferentes olhares irem ao encontro das necessidades das pessoas e das suas desconformidades na comunidade e para o qual é necessário não ter uma visão miserabilista do setor social”, refletiu Joaquim Pequicho.
O também representante da Fenacerci – Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social aproveitou o momento para sublinhar, nesse sentido, que a economia social, enquanto “economia do cuidar”, “não é para qualquer um”. “Precisamos dos melhores e não de pagar ordenados miseráveis; temos de fixar as novas gerações, de ver o que pretendem introduzir no setor social e não depreciar o setor social como o setor com dificuldades no rigor e no profissionalismo”, defendeu Joaquim Pequicho.
Sobre esta matéria, Sara Ferreira, em nome da Câmara Municipal do Barreiro, admitiu que “a definição das tabelas salariais é [, por isso,] um desafio ao qual a CNIS tem de dar solução”. Se tal não acontecer, não se conseguirá ter estabilidade de profissionais nas instituições”, frisou a vereadora da Divisão de Intervenção Social, Igualdade e Saúde deste município.
Na opinião da autarca, seja com vista a contratações ou à retenção de profissionais seja em termos de soluções para o seu financiamento, é, de igual modo, fundamental rever o Estatuto das IPSSs, vendo as mesmas “à luz dos contextos locais e atuais”. “Temos também de ter respostas sociais adaptadas à realidade de cada território, à sua população e às necessidades das famílias, respostas que deixem de ser tipificadas e estanques”, acrescentou Sara Ferreira.
Para Ana Vizinho, técnica do Núcleo Distrital de Setúbal da EAPN – Rede Europeia AntiPobreza, “conciliar o que é local com a preservação dos direitos de todos é também [, nesse sentido,] um desafio”. “[Importa estimular] a capacidade de diálogo, de democratização do pensamento para criar soluções”, considerou a responsável.
Presente nesta Conversa, o Centro Distrital de Setúbal da Segurança Social, representado na pessoa de Cristina Lira, destacou a visão de “um mesmo caminho de cooperação do Estado com as IPSSs com o objetivo simultâneo de apoiar a população no terreno”. “Não perdemos o foco de operar de forma colaborativa perante um mundo em que não podemos descansar face às adaptações necessárias. O Estatuto das IPSSs está atualmente em revisão e também os apoios às instituições podem vir a ser repensados de forma mais descentralizada”, considerou a diretora da Unidade de Desenvolvimento Social do CDSS Setúbal.
Repensar a forma de financiamento assim como o funcionamento de algumas respostas sociais existentes e abraçar respostas inovadoras foram assim também salientadas enquanto mudanças necessárias no setor social. Uma prática que deve constituir um exercício feito por todos os que fazem parte do Estado, como sublinhou António Sousa Pereira, diretor do jornal Rostos, que elaborou uma síntese final da manhã.
Refira-se que o Ciclo ‘Desafios e Mudança no Setor Social – Conversas com Impacto’ conta com mais duas conversas a ter lugar em 2023. Nesta iniciativa, a NÓS conta com o patrocínio do McDonald’s Barreiro, assim como com a parceria da Câmara Municipal do Barreiro, da StartUp Barreiro, da Gravity – Creative Dynamics, dos jornais regionais ‘Rostos’ e ‘O Setubalense’ e da Pastelaria Nova Geração.