NÓS encheu auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro com Encontro em torno das medidas de Acolhimento Familiar e Apadrinhamento Civil
“O PARADIGMA DAS INSTITUCIONALIZAÇÕES É DO PASSADO”
Apenas 5 crianças encontram-se atualmente integradas em famílias de acolhimento no distrito de Setúbal. Os dados existem e comprovam que é necessário mudar mentalidades na cultura portuguesa, conforme se concluiu no evento ‘OPEN MIND! Pensa diferente!’, que a Associação NÓS promoveu no auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro, a 31 de maio, dedicado ao Acolhimento Familiar e ao Apadrinhamento Civil.
Pertença e Identidade, Amor e Segurança. Estes são conceitos que refletem o que é «ser Família» para qualquer criança e que foram destacados neste evento dinamizado pela NÓS – Associação de Pais e Técnicos para a Integração do Deficiente, instituição que acompanha crianças e jovens em risco no concelho do Barreiro através das respostas de Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental e do Protocolo do Rendimento Social de Inserção.
No Dia Mundial da Criança, esta instituição destaca os dados apresentados e refletidos com a comunidade durante o Dia Mundial do Acolhimento Familiar, num encontro sobre duas das medidas de promoção e proteção de crianças e jovens em risco que importa promover para contrariar os números revelados: somente 4,4% das crianças à guarda do Estado estão colocadas em famílias em Portugal e apenas 5 crianças se encontram atualmente abrangidas na medida de Acolhimento Familiar no distrito de Setúbal.
Perante o facto de a maioria dos menores esperar a definição do seu projeto de vida em instituições – quando não são adotados nem regressam às famílias de origem, o painel de oradores convidados pela Associação NÓS foi unânime quanto à opinião de que “deixar a criança crescer na instituição não pode ser resposta”. “O Estado gasta muito mais em acolhimento residencial do que pode vir a gastar com os apoios a famílias de acolhimento; é preciso divulgar e, se as famílias forem chamadas, de certeza que irão aparecer e, com certeza, haverá mais oportunidades para muitas crianças e jovens”, considerou Miguel Mota da Silva, juiz de Família e Menores do Tribunal de Família e Menores do Barreiro.
Juntos com este orador, numa moderação feita pela jornalista Filomena Barros, estiveram Paula Ribeiro e Maria João Ramos, assistentes sociais do Núcleo de Infância e Juventude do ISS Setúbal, Rita Pereira e Catarina Cruz, psicólogas de Acolhimento Familiar da Associação Abrigo e Adelaide Pinheiro, psicóloga da Santa Casa da Misericórdia de Almada responsável pelo Projeto ‘Famílias Amigas’.
Com o evento ‘OPEN MIND! Pensa Diferente!’, a manhã serviu também de encorajamento, ao ter um segundo painel com famílias de acolhimento familiar e de apadrinhamento civil a darem os seus testemunhos. Um momento de emoções que contrabalançou uma primeira fase de divulgação mais técnica sobre estas medidas.
Para o diretor-geral da NÓS, Humberto Candeias, os testemunhos dados pelas famílias presentes foram prova de que estas alternativas de vida para muitas crianças são uma boa escolha e de que todos “precisamos de ser despertados para motivar para esta proximidade”.
“A NÓS está completamente sintonizada com estas medidas; ainda que tenhamos também serviços residenciais, desejamos que haja uma maior intervenção dos cidadãos enquanto voluntários, vizinhos, amigos, assim como enquanto novas famílias que assumem estas medidas para cuidar de crianças e jovens em risco. O paradigma das institucionalizações é do passado; fazemos parte do paradigma novo e há responsabilidade de todos em transformar a sociedade”, assumiu o responsável.
Aos presentes no auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro, a moderadora Filomena Barros deixou o desafio de «passar a palavra». Um desafio aceite por todos com vista a transformar a cultura portuguesa e a abraçar mais crianças e jovens em risco.