Proximidade, Capacitação, Participação, Mudança, Inclusão. Eis os conceitos que se unem no que distingue o Projeto ‘COMsigo’ que arrancou no concelho do Barreiro a 1 de setembro de 2020.
Inserido no Programa Contrato Local de Desenvolvimento Social de 4ª Geração (CLDS 4G), este projeto resulta da parceria entre a NÓS – Associação de Pais e Técnicos para a Integração do Deficiente (Entidade Coordenadora e Executora) e a RUMO – Cooperativa de Solidariedade Social, Crl. (Entidade Executora), contando com diferentes agentes e recursos localmente disponíveis.
Cinco técnicos estão já está no terreno com vista a incluir quem se encontre em maior situação de fragilidade social. Conheça o Projeto ‘COMsigo’ e dê-o a conhecer a quem mais precisa!
Equipa do ‘COMsigo’, em diferentes territórios de intervenção prioritária no concelho do Barreiro:
Paula Encarnação | Coordenação | Associação NÓS
Carina Neves | Animadora Sociocultural | Associação NÓS
Cláudia Dias | Psicóloga | Associação NÓS
Vera Paisana | Psicóloga | Cooperativa RUMO
Mário Prole | Assistente Social | Cooperativa RUMO
NÓS: No que consiste o projeto COMsigo?
Paula Encarnação (PE): O Projeto COMsigo insere-se no Programa Contrato Local de Desenvolvimento Social de 4ª Geração (CLDS 4G) que visa promover a inclusão social de grupos populacionais que revelem maiores níveis de fragilidade social, por meio de uma intervenção territorial de proximidade, favorecendo processos de integração e qualificação familiar, social e profissional, mobilizando para o efeito a ação integrada de diferentes agentes e recursos localmente disponíveis.
O Projeto COMsigo será desenvolvido pelo período de 36 meses, entre setembro de 2020 e agosto de 2023.
Trata-se de um projeto de abrangência concelhia, com intervenção prioritária nos territórios do Barreiro Velho e Bairro das Palmeiras, Lavradio, Quinta da Amoreira/Alto do Seixalinho (Avª do Bocage – Rua Pacheco Nobre) e Cidade Sol/Quinta da Mina.
As ações e as atividades a desenvolver pelo projeto são enquadradas por dois eixos de intervenção: o eixo 1 – Emprego, Formação e Qualificação e o eixo 2 – Intervenção Familiar e Parental Preventiva da Pobreza Infantil.
O eixo 1 – Emprego, Formação e Qualificação visa: favorecer os processos de integração profissional, social e pessoal dos desempregados, designadamente, através de ações de capacitação para a empregabilidade, que facilitem o acesso a oportunidades de emprego e formação; sensibilizar os empresários, as instituições e as entidades empregadoras locais para uma participação ativa na concretização de medidas ativas de emprego e em processos de inserção profissional e social; desenvolver sessões de informação e capacitação sobre competências para a empregabilidade, dirigidas a alunos que abandonam ou concluem o sistema educativo, no sentido de desenvolver ações de favorecimento da integração profissional. Para tal, dispõe de um conjunto de atividades que se centram na divulgação e orientação de respostas de formação e qualificação, capacitação e facilitação no acesso à empregabilidade, promoção da participação de empresas e empresários e na promoção do Empreendedorismo.
O eixo 2 – Intervenção Familiar e Parental Preventiva da Pobreza Infantil visa: apoiar processos de qualificação familiar, designadamente os que propiciam a informação sobre os direitos de cidadania, o desenvolvimento de competências e de aconselhamento em situação de crise; mediar conflitos familiares, em articulação com as equipas que intervêm com as famílias e/ou as suas crianças, promovendo a proteção e promoção dos direitos das crianças e jovens; desenvolver ações de mobilização das crianças e jovens, promovendo estilos de vida saudáveis e a integração na comunidade, nos domínios da saúde, do desporto, da cultura e da educação para uma cidadania plena. A intervenção do eixo 2 desenvolver-se-á através de seis atividades: apoio à família e à comunidade; reforço e desenvolvimento de competências parentais; dinâmicas familiares positivas; atividades lúdico-pedagógicas para crianças e jovens; inclusão escolar de crianças e jovens (Escola e Família); desenvolvimento social, cultural e comunitário.
NÓS: Como surgiu o projeto e a parceria para o desenvolver?
Paula Encarnação (PE): Uma das nossas caraterísticas mais relevantes tem sido uma permanente abertura e diálogo com a comunidade e as suas instituições. Esta abertura e a proximidade têm gerado uma natural sensibilidade aos problemas sociais da nossa comunidade. O empenhamento e a disponibilidade para nos envolvermos em parceria na criação de respostas sociais, que respondam a necessidades das pessoas e deste território, tem sido uma constante. Na intervenção que temos vindo a desenvolver – quer em formato de respostas sociais com guiões técnicos estabelecidos, quer em projetos em que temos a possibilidade de construir abordagens mais à medida e experimentar novas metodologias -, o território, a capacitação, o desenvolvimento e o trabalho em rede têm sido chaves. É assim com naturalidade que, mais uma vez, nos disponibilizámos a aceitar as responsabilidades que as instituições, neste caso, a Câmara Municipal do Barreiro, entendessem podermos assumir, como foi o caso da coordenação deste CLDS 4G.
Considerando que projetos como o CLDS devem ser desenvolvidos em parceria, através da conjugação de experiências, metodologias e práticas de intervenção social e comunitária, de forma a terem impacto efetivo nas pessoas, nas famílias e na comunidade onde se vai intervir, a Associação NÓS convidou a RUMO, como Entidade Local Executora das Ações (ELEA), pela experiência de intervenção social, em diferentes domínios, nomeadamente no emprego, qualificação e empreendedorismo, bem como pela experiência em gerações anteriores de projetos CLDS.
«Este é um projeto ‘para’ e ‘com’ a comunidade»
NÓS: Este projeto conta também com vários parceiros institucionais, alguns dos quais estiveram presentes na reunião que assinalou o início do projeto a 1 de setembro último. De que forma se conjugam os diferentes parceiros envolvidos, numa lógica estratégica de intervenção complementar?
Paula Encarnação (PE): Os projetos CLDS preveem o desenvolvimento de uma intervenção realizada em parceria. Pelo seu intuito, devem ser o mais participados possível, por parte das pessoas residentes nos territórios (destinatários do Projeto), mas também por instituições, entidades e serviços públicos e privados, agentes locais e empresas. O sucesso e o impacto de projetos desta natureza dependem, em grande parte, da participação e do envolvimento de todos aqueles que forem implicados direta ou indiretamente no projeto. Pretende-se que este projeto seja o resultado dos interesses individuais e coletivos das pessoas, que responda a necessidades identificadas e que evidencie o contributo de todos.
O momento que assinalou o início do projeto COMsigo, a 1 de setembro, contou com a participação de representantes de entidades de áreas consideradas estratégicas na execução do COMsigo. O contexto atual não nos permitiu que fizéssemos uma apresentação pública do projeto, como estava inicialmente pensado. E, desta forma, reunimos com representantes da Autarquia, Segurança Social, Educação, Saúde e Instituto de Emprego e Formação Profissional, no sentido de definir estratégias de articulação e perspetivar o desenvolvimento de ações conjuntas e em complementaridade com outras intervenções. Desde então, a equipa tem vindo a reunir com outros parceiros institucionais no sentido de apresentar o projeto, delinear ações conjuntas e definir estratégias de concertação da intervenção.
Este é um projeto ‘para’ e ‘com’ a comunidade. Pretendem-se criar sinergias, potenciar parcerias, promover uma intervenção e ação integradas, desenvolver um trabalho em rede e colaborativo, tendo em vista, a capacitação dos territórios abrangidos e dos seus elementos (indivíduos e família) e, consequentemente, contribuir para o desenvolvimento da comunidade e para a promoção da equidade territorial, a igualdade de oportunidades e a inclusão social nas suas diversas dimensões. Um projeto que se pretende complementar às outras intervenções desenvolvidas na comunidade e criar impactos significativos.
NÓS: Porquê ‘COMsigo’?
Paula Encarnação (PE): O projeto foi pensado, discutido e desenhado em conjunto, entre a NÓS e a RUMO, bem como a escolha do nome para a projeto. Pretendíamos que o projeto tivesse uma designação forte que representasse aquilo que ambas as entidades desejam para esta 4ª Geração de CLDS, a desenvolver no Barreiro. Pretende-se que seja um projeto desenvolvido em proximidade ‘com’ as pessoas, nos territórios e na comunidade, focado na pessoa e nas suas necessidades. Um projeto que desenvolva uma intervenção que promova a participação de todos e o estabelecimento de relações de confiança, através do reforço de capacidades e competências, que permitam que cada um possa acreditar que é capaz, que consegue e que pode ser ‘ator’ do seu próprio projeto de vida, alcançando autonomia e mudanças efetivas de inclusão pessoal, social, profissional, cultural e comunitária.
Tudo isto só é possível se for construído em parceria, por um lado, com as pessoas e, por outro, com as entidades, serviços e empresas do setor público e privado, agentes locais dos territórios, através da (co)responsabilização, da disponibilização e ativação de recursos e respostas que atendam às necessidades das pessoas, bem como, através de intervenções concertadas, integradas e complementares, que permitam rentabilizar recursos, partilhar abordagens e potenciar as intervenções, contribuindo para a co-construção de caminhos e percursos de inclusão.
Desta forma, a NÓS e a RUMO designaram este projeto COMsigo! ‘COM’ as pessoas, as famílias, as entidades, serviços, empresas, agentes locais dos territórios e a comunidade. ‘Sigo’, na perspetiva da construção de um percurso, de um caminho a seguir. ‘COMsigo’ remete para a perspetiva da valorização pessoal, da capacidade de ultrapassar desafios, procurar respostas e alcançar objetivos. Não se pretende que este projeto seja reconhecido como um projeto da Associação NÓS ou da Cooperativa RUMO, pretende-se que este projeto tenha identidade própria e que possa ser reconhecido pelo seu nome, que consideramos ter força e transmite positividade.
«O mais importante é que o COMsigo promova mudanças, crie impactos e resultados»
NÓS: No que se distingue o COMsigo?
Paula Encarnação (PE): Esta já é a quarta geração de CLDS e o Barreiro tem tido a oportunidade de durante estes anos ter a decorrer, no concelho, projetos CLDS. À semelhança de outros programas e projetos, também os CLDS devem ter uma continuidade, apesar de ter existido mais de um ano de interregno, entre o término do CLDS 3G, em julho de 2019, e o início do CLDS 4G, a 1 de setembro de 2020.
Este é um projeto de abrangência concelhia, com intervenção prioritária em territórios que apresentam maiores vulnerabilidades, já mencionados anteriormente. O COMsigo desenvolverá uma intervenção de proximidade com as pessoas, nos seus territórios e, por isso, já tem locais assegurados para desenvolver a sua ação. A sede do projeto será na freguesia do Barreiro, entre o centro do Barreiro e a zona do Barreiro Velho, mais concretamente na Avenida Henrique Galvão Nº 51-C Barreiro, e já nos foram cedidos espaços, por entidades parceiras, no Bairro das Palmeiras, no Lavradio, no Alto do Seixalinho e na Cidade Sol, espaços em relação aos quais, em breve, disponibilizaremos a localização e os dias em que a equipa estará nesses territórios.
Os projetos são todos diferentes ainda que tenham o mesmo enquadramento. O mais importante é que o COMsigo, ao longo dos próximos três anos, chegue a TODOS aqueles para os quais o Programa CLDS é pensado e destinado, que promova mudanças, crie impactos e resultados que façam a diferença na vida das pessoas e da comunidade.
NÓS: Quais os principais desafios pela frente?
Paula Encarnação (PE): Quando o projeto foi pensado e as suas atividades apresentadas em candidatura, não se suspeitava das circunstâncias em que esta geração de CLDS iria decorrer. Tratando-se de um projeto de intervenção comunitária, todo o projeto foi pensado privilegiando a proximidade do projeto às pessoas, nos seus territórios e a participação destas nas várias atividades e iniciativas. Face ao atual contexto de pandemia, o projeto tem de ser alvo de adaptações, com as restrições decorrentes das medidas de prevenção da Covid-19, constituindo-se este um dos principais desafios com que nos iremos deparar. Há que reinventar práticas, estratégias e abordagens e ‘fazer acontecer’ tudo aquilo a que nos propusemos e aquilo que as pessoas e a comunidade entendam que deve e é necessário ser desenvolvido, em parceria e de forma participada.
Esta pandemia está a afetar negativamente a vida das pessoas e das famílias, particularmente as que se encontravam em situação de grande vulnerabilidade, mas também aqueles que, com esta crise, ficaram nesta situação. O panorama social transforma-se diariamente, os problemas sociais apresentam novos contornos, a pobreza e as desigualdades sociais acentuam-se. A execução de um CLDS no atual contexto é necessária e pertinente, mas muito desafiante.
Os desafios trazem sempre aspetos positivos, trazem criatividade, dinamismo e novas perspetivas.
NÓS: Como podem as pessoas e as famílias beneficiar deste projeto?
Paula Encarnação (PE): As pessoas e as famílias podem beneficiar deste projeto através da referenciação por parte de entidades da comunidade, que o podem fazer através do preenchimento e submissão de uma ficha de referenciação. As pessoas, individualmente, também podem recorrer ao projeto e tornar-se destinatárias do mesmo, bastando contactar a equipa diretamente ou também através do e-mail ou dos contactos telefónicos do COMsigo.
Contactos do CLDS 4G Barreiro ‘COMsigo’
Morada: Avenida Henrique Galvão Nº 51-C 2830-308 Barreiro
Tlm.: 937717680/1/2 | 961503909
E-mail: clds4gbarreiro@comsigo.org