Associação convida Cidadãos e Empresas a apadrinhar iniciativa

30 Fotografias, uma Exposição e o seu Olhar. Basta apadrinhar uma fotografia com a compra de uma moldura e está a dar o seu contributo para a realização de uma exposição que tem por base o Projeto Fotográfico ‘Segundo Olhar – o seu’, uma iniciativa dinamizada entre a NÓS – Associação de Pais e Técnicos para a Integração do Deficiente e o fotógrafo Jorge Silva que dá a conhecer um «outro olhar» sobre a diferença, a deficiência e a inclusão destas na sociedade.
Desenvolvido entre janeiro e junho do último ano letivo (2014/2015), o projeto fotográfico em mãos surgiu de uma parceria entre o fotógrafo Jorge Silva e a Associação NÓS, na pessoa da professora Vera Pialgata, em diálogo com a Direção, os colaboradores, os pais e as próprias crianças da Escola de Educação Especial (EEE) desta instituição. O objetivo último, após a realização de cerca de 2/3 sessões mensais, consiste na realização de uma exposição itinerante a iniciar em outubro.
Jorge Silva, amigo da NÓS, propõe que todos os interessados conheçam este projeto e participem nele através da impressão das fotografias, ganhando um segundo olhar sobre aquilo que, habitualmente, se desconhece. “Numa conversa com a Vera, em que tive o privilégio de escutála sobre o seu trabalho na NÓS, pressenti uma identificação e uma oportunidade. Achei interessante a sua perspetiva de que o ensino especial, sim, devia ser a norma, na sua atenção ao indivíduo,na preparação para a vida para além do programa curricular, para além das limitações, para além das diferenças”, argumenta o fotógrafo.
“Ver para além da Diferença, para além do contacto primeiro que nos choca, que nos sensibiliza” é o desafio lançado com este projeto, através do qual Jorge Silva visa que todos atravessem “a cortina dos medos e preconceitos que nos remete, por vezes, a uma espécie de «marginalidade silenciosa»”. “Este projeto passa por identificarmo-nos numa matriz comum e, por fim, regressarmos à Diferença, ao que nos torna únicos. São testemunhos privilegiados: vislumbres de cada personalidade (sempre fugazes) por entre as palavras soltas, o riso nervoso, o olhar que nos prende”, comenta o retratista.
Numa primeira fase, pretendeu-se, assim, “fazer a cobertura da totalidade da rotina pedagógica semanal, bem como dos momentos de relação com o exterior”. Já numa fase posterior, foi proposta aos pais uma visita ao domicílio. “Acederam generosamente, deixando-nos um vislumbre do seu espaço privado, desse cuidar contínuo para além da escola, no seio da família primeira”, considera Jorge Silva.
O projeto encontra-se agora em fase de edição e produção da exposição. “O nosso objetivo é que a matéria-prima, o momento captado, a fotografia fique impressa e protegida de forma económica mas digna e durável. Sendo a NÓS (IPSS) uma associação sem fins lucrativos, gostaríamos que a exposição fosse um mimo às famílias e às próprias crianças, um presente nas suas vidas”, apela o fotógrafo.

Campanha de apadrinhamento está em curso

Vera Pialgata, docente do ensino especial, admite que a EEE reagiu “de portas abertas” a um projeto que liga a fotografia à música, nomeadamente porque “a fotografia é utilizada como ferramenta para captar momentos únicos que acontecem no dia-a-dia, nesta escola”. “É uma ótima forma de dar a conhecer aos pais o trabalho realizado e o impacte das atividades realizadas com os seus filhos. Sendo o Jorge um músico, pensei logo que seria uma excelente ideia dar a conhecer-se ao grupo com um pequeno momento musical com o instrumento musical que toca, o trombone”, considera.
Enquanto professora, Vera Pialgata destaca que as sessões levadas a cabo, além de captarem emoções e permitirem olhar para um determinado momento de diferentes perspetivas, possibilitaram “dar aos pais, e até mesmo aos próprios alunos, uma visão artística da unicidade do seu filho”. “[Isso] é algo que pode encher um coração por muito tempo. Há uma certa tendência para se esconder o nosso lado sombra, o nosso lado especial que pode incomodar o outro ou que nos incomoda. E na Educação Especial não é exceção. Pegar nessa característica que nos define também é aceitar a diferença”, argumenta.
Os contactos com empresas que queiram imprimir as 30  fotografias1 selecionadas, como forma de patrocínio/apadrinhamento deste projeto, estão em curso, assim como uma “pequena campanha de apadrinhamento” para a aquisição das molduras respetivas. “São à volta de 30 fotografias e, se queremos fazer uma exposição, o material tem que ser durável e permitir que se mantenha bonito com um orçamento aceitável. Estamos também a solicitar, a quem quiser, que «compre» as molduras para a futura exposição, ou seja, precisamos de cerca de 30 pessoas que se pretendam disponibilizar”, explica Vera Pialgata O desejo dos organizadores é de que a exposição inaugural seja realizada no Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Barreiro. Vera Pialgata e Jorge Silva pretendem que esta seja uma mostra visitada também nas escolas parceiras da NÓS (em Portugal ou mesmo no estrangeiro) mas que, de igual modo, conste nas agendas de espaços culturais como galerias de diferentes concelhos e, porque não, a Fundação Gulbenkian.